Os falantes nativos conseguem reconhecer instintivamente as estruturas ou usos de língua mais corretos. E os aprendentes? Como é que conseguem desenvolver esta intuição linguística? Em alguns casos simplesmente com exposição à língua e reforço, noutros o conhecimento das regras ajuda, mas é preciso ter em conta as exceções.

Na grande maioria das vezes, um falante nativo sabe exatamente qual é a estrutura “correta” ou, no mínimo, a mais usada dentro do seu círculo linguístico, ainda que desconheça a regra. Este instinto é adquirido a par da língua por exposição ou imersão linguística e ao sermos corrigidos por outros falantes. 

Para um aprendente da língua, este “instinto” é construído através da memorização de regras e de muitos exercícios de produção falada e escrita até que as estruturas se consolidarem. 

O problema coloca-se quando não existem regras sobre as quais os aprendentes possam alicerçar a sua aquisição, como é o caso das preposições ou quando estas existem mas estão acompanhadas de inúmeras exceções, como é o caso dos artigos definidos e indefinidos.

O uso correto das preposições é particularmente difícil de adquirir pois, à falta de regras, o mais “natural” é procurar equivalentes na língua materna (LM) — que podem ou não funcionar na segunda língua (L2).  

Outra complexidade  é o seu carácter polissémico, e a falta de lógica que existe entre as preposições e as palavras que lhe estão associadas como no caso das locuções prepositivas e verbos preposicionais.  

Um relativamente reduzido número de preposições apresentam vários significados e utilizações consoante o contexto e fazem frequentemente parte de locuções e frases feitas — as quais os/as aprendentes necessitam de memorizar. A preposição |a| pode descrever: direção, horário, distância e até modo de transporte como ilustram as seguintes orações:

Amanhã, vou a Lisboa. Tenho uma reunião que começa à 1h da tarde. O local da reunião fica a 5 km da estação de comboio e não quero ir a pé. 

O significado do verbo |ficar| varia de acordo com a preposição que o acompanha como demonstram as seguintes frases:

O professor ficou a pensar no problema.
Ele ficou de dar uma explicação no dia seguinte.
Os estudantes ficaram com medo que aquela matéria saísse no exame.
Eles decidiram ficar em casa a estudar.
Os exercícios ficaram por fazer.
O exame pode ficar para a semana que vem — perguntaram os alunos ao professor.

Assim sendo, aprender a usar as preposições é uma das tarefas mais difíceis do processo de aquisição de uma língua estrangeira, mas é tudo uma questão de prática e reenforço.