62. NÃO SAIR DA CEPA TORTA

Expressão descreve uma situação irremediável.


Hoje, na fila do supermercado, ouvi uma senhora dizer: “É por estas e por outras que o país não sai da cepa torta” — o que quer dizer cepa? E porque é que é torta?

Já viste alguma vinha em Portugal? A pequena árvore que dá uvas também conhecida como pé da videira assemelha-se a um pequeno arbusto. Estes arbustos ou cepas são frequentemente cortados ou podados e por isso os seus ramos parecem contorcidos ou tortos. É desta imagem de uma pequena cepa com os ramos todos torcidos ou melhor dizendo de uma cepa torta que deve vir a expressão não sair da cepa torta.

Ah ok, já percebi! Os agricultores podam as árvores de fruto e especialmente as videiras para que no ano seguinte nasçam mais e melhores frutos e portanto a expressão pretende descrever a frustração que sentimos quando apesar de todos os esforços que fizemos para que algo florescesse, o resultado obtido ficou muito aquém do esperado.

Bom, é uma possibilidade de explicação mas parece-me bastante razoável!!! Quando olhamos para uma cepa, sobretudo aquelas mais contorcidas, a impressão com que ficamos é que nada de bom poderá sair de ali. Esta expressão que só se usa na negativa: não sair da cepa torta serve, habitualmente para fazer uma crítica a uma pessoa ou a uma determinada situação que nos parece irremediável ou irreparável.

Como quando uma pessoa está a marcar passo sempre no mesmo sítio sem nunca ir a lado nenhum? Se alguém ou alguma coisa ou até um país — como na frase que eu ouvi no supermercado — não sai da cepa torta isso quer dizer que, na nossa opinião, nada se pode fazer para alterar o que quer que seja e a situação é de tal forma irremediável que nada se pode fazer para mudar.

Acertaste em cheio! É precisamente isso que quer dizer. É uma postura muito pessimista mas infelizmente uma que muitos portugueses partilham.

Acreditar que nada podemos fazer é uma boa desculpa para ficar quieto e não fazer nada, mesmo que nos estejamos a enganar. Se nos esforçarmos é sempre possível mudar.

Este episódio foi produzido por Cristina Água-Mel e Sónia Santos.

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