ORIGENS

Em todas as sociedades agrícolas, o início da Primavera representa o começo de um novo ciclo de produção e, consequentemente, um motivo de celebração. As origens do Carnaval encontram-se, muito provavelmente, nas festas organizadas na Grécia Antiga entre o final do Inverno e princípio da Primavera para pedir aos seus deuses uma boa produção agrícola para aquele ano. Em 590 d.C., os católicos decidiram incluir esta tradição pagã nas suas celebrações religiosas e foi assim que esta festa chegou até aos nossos dias.

NOME

Nos países católicos, as duas maiores celebrações religiosas são o Natal que festeja o nascimento de Jesus, o filho de Deus, e a Páscoa que assinala sua morte. A Páscoa está associada a um período de tristeza e reflexão e na Idade Média, era costume as pessoas deixarem de comer carne durante quarentas dias antes do domingo em que se assinala a morte de Jesus. Esse período ficou conhecido como Quaresma e o hábito de não comer carne era referido em Latim como “carne vale” que quer dizer “adeus carne.” É desta expressão latina que surgiu palavra portuguesa “carnaval.”

ATUALIDADE

As tradições carnavalescas atuais que incluem desfiles de pessoas mascaradas tiveram origem numa festa que se realizava em Paris. Atualmente, o maior desfile carnavalesco do mundo, segundo Guiness Book of Records realiza-se no Rio de Janeiro. Em Portugal, o Carnaval é celebrado um pouco por todo o país, tendo cada região as suas próprias tradições. Os desfiles mais populares acontecem em Torres VedrasLoulé, e Madeira.

ENTRUDO

Os desfiles de pessoas fantasiadas e carros alegóricos que se espalhou um pouco por todo o mundo e se celebra em diferentes datas coexiste com outras tradições populares bem mais antigas e pagãs conhecidas como entrudo. A palavra “entrudo” vem do latim introitus que significa “entrada.” No norte de Portugal, existem várias festas pagãs que celebram a chegada ou entrada da Primavera e estão diretamente ligadas ao folclore e artesanato locais. Gostaríamos de destacar as seguintes:

FESTA DOS CARETOS

No domingo de Páscoa, os rapazes solteiros que moram em Podence, uma aldeia situada a 7 km de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, província de Trás-os-Montes, vestem um fato feito de franjas de lã de cores muito vivas ou garridas, tapam a cara com uma máscara de metal e, na cintura, usam um cinto de campainhas, guizos e chocalhos que ao mais pequeno movimento faz um barulho tremendo, passeiam-se pelas ruas. Estas personagens coloridas e muitíssimo barulhentas representam o diabo que, durante um dia, tem autorização para fazer tudo o que lhe apetece. Considerando que o objetivo destes mascarados é fazer tantas diabruras quanto possível, esta tradição ficou conhecida como Entrudo Chocalheiro pois os a sua passagem pelas ruas é anunciada pelos chocalhos que levam à cintura.

Carnaval de Podence 2008 17.jpg

By Rosino – [1]CC BY-SA 2.0Link

CARNAVAL DE LAZARIM

Na aldeia de Lazarim, situada a 12 km de Lamego, no distrito de Viseu, província da Beira Alta, a população usa máscaras de madeira feitas por artesãos da região. A festa começa com a leitura dos «testamentos» que na realidade são listas de defeitos ou críticas de toda a gente e acaba com um “enterro” durante o qual são queimados dois bonecos. Antes de terminar a festa, é servido a todos os participantes um caldo de farinha e uma feijoada de porco acompanhados com vinho da região.

Carnaval de Lazarim 02.jpg
By Rosino – [1]CC BY-SA 2.0Link

ENTERRO DO PAI VELHO

Acredita-se que o Carnaval Português tem as suas origens numa festa pagã realizada na aldeia do Lindoso (conselho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, província do Minho) para celebrar o início de um novo ano agrícola. Nesta festa tradicional, dois carros de bois devidamente decorados e engalanados são desfilados pelas ruas transportando o primeiro um busto de homem velho (o Pai Velho) que representa o Inverno que termina e, o segundo, um molho de ervas que representam a Primavera.

MÁSCARAS & BONECOS

Outra tradição carnavalesca muito comum em Portugal é o desfile de bonecos ou marionetes de vários tamanhos feitos de arame e papel-machê.

GIGANTONES, CABEÇUDOS & ZÉS PEREIRAS

gigantone passeando-se na ruaUm Gigantone é um boneco com cerca de 3 ou 4 metros de altura e que chega a pesar 30 kg no interior do qual se esconde uma pessoa que o fará mover-se. Estas marionetas pretendem ser uma caricatura ou representação cómica de personalidades famosas como políticos, artistas ou desportistas. Os Cabeçudos usam a mesma técnica de construção dos Gigantones e também representam gente famosas, mas em vez de um boneco de corpo inteiro é apenas feita uma enorme cabeça que assenta nos ombros do marionetista, produzindo dessa forma uma imagem extremamente cómica de uma enorme e desproporcionada cabeça sobre um pequeno e frágil corpo humano Os Gigantones e os Cabeçudos passeiam-se pelas ruas ao som de um grupo de músicos conhecidos como Zés Pereiras.